Xangô traz nas mãos o Oxé, machado de dois lados representando o peso igual nos julgamentos. Traz também o xerém, espécie de chocalho usado para dispertar a ira dos raios e das trovoadas.
XANGÔ – O Rei do Trovão
Orixá de grande valia e importância nos Cultos Afro-Brasileiros, tem alguns cultos que levam o seu próprio nome, tamanha a popularidade deste Orixá. Divide com Ogum a popularidade e o respeito dos fiéis, tanto nos Candomblés (diversas nações) como na Umbanda. Xangô foi o grande Obá (rei) da cidade de Oyó, representando, na linha de sucessão, seu quarto alafin (segundo fontes fidedignas). Ele fez sua passagem pela Terra por volta de 1450 a. C., filho de Oranian e Torossi. Governou com mãos de ferro, sendo, ao mesmo tempo, temido e adorado pelo povo. Muitas vezes comportou-se como tirano, na sua ânsia pelo poder. Alguns relatos afirmam que Xangô destronou seu próprio irmão, Dadá-Ajanká, para tomar o seu lugar. É o orixá das pedreiras, das terras áridas e das rochas. Seu elemento é o fogo, dominando também o raio e o trovão. O metal a que pertence é o cobre. Possui, como símbolo da natureza, a pedra de raio, que se cria quando um raio cai na terra. Sua ferramenta principal é o Oxé, ou machado duplo, simbolizando a imparcialidade na hora da justiça. Carrega também o Xerém, espécie de cabaça que é usada por certas qualidades deste Orixá. Xangô detém um profundo conhecimento e ligação com as árvores, de onde provêm muitos de seus objetos de culto, como a gamela e o pilão. É muito violento, mas nunca gratuitamente. Quando provocado, castiga seus inimigos sem piedade, sendo implacável nas guerras de conquista, atividade que exerce com maestria. Se for necessário, Xangô usa seus poderes de feitiçaria para destruir o inimigo. Como grande amante da justiça, é imparcial em suas ações, usando toda sua autoridade para resolver as mais difíceis questões, tarefa que ninguém gosta de fazer. Sempre podemos recorrer a ele quando nos defrontarmos com questões litigiosas ou problemas jurídicos. Segundo a mitologia africana, um traço marcante desse orixá é o fato de se fazer notar, sendo muito atraente e vaidoso. Ele teve várias uniões com outros orixás, como Oxum, Obá e Iansã, que era sua prima e esposa predileta. Diz a tradição de lendas que Xangô tem medo da morte, pelo fato de abandonar a cabeça (ou ori) de seus filhos de santo. Orixá poderoso que não teme nada, não suportanto o frio que emana de um corpo sem vida. Xangô possui a energia do fogo, que irradia calor e possibilita a existência da vida. A morte e o frio são contrários à sua essência. Nos meses de junho, mantém-se uma tradição festiva, que são as famosas fogueiras de Xangô, feitas em sua homenagem. Xangô é um orixá que teve vontade de experimentar a criação divina, ou seja, ele quis nascer e viver aqui na Terra. Como foi dito no início, existiu um rei, na cidade de Oyó, que era muito poderoso, sendo identificado como a energia Xangô. São Gerônimo (Agodô) é o sincretismo mais conhecido deste Orixá. São Pedro (Alafim), São João Batista (Xangô do Ouro ou Xangô menino) e São José (Agaju) também são qualidades de Xangô. Embora alguns estudiosos dão também como sincretismo São Miguel e São Gabriel. Orixá presente em todas as feituras de casas de santo, tem no axé da casa a sua Pedra Sagrada conhecida como “Okanixé”. Outras qualidades de Xangô são: Abomi, Alufam, Airá, Echê e Ibaru. Esta sentado no meio de 12 ministros chamados (obagues) que seriam seus ministros. Os ministros da direita absolvem enquento os da esquerda condenam. Para o contexto Umbandista, Xangô mora no alto de uma pedreira, e carrega o livro sagrado (as escrituras) e as Sete Chaves da Sabedoria. Xangô controla todas as forças naturais por intermédio dos astros, é conhecido como o Rei dos Astros. Vive no seu castelo, além do seu criado Oxumarê (quando o arco-irís aparece, significa que Oxumarê veio a Terra e está levando água ao Reino de Xangô), tem como servos Biri (as trevas) e Afefe (o vento). Nos candomblé dança com suas cores rituais que são o vermelho, branco e marrom. Algumas qualidades trazem na cabeça um gorro na cor vermelha. Conta uma lenda que explica o fato de Xangô e Iansã deterem ao mesmo tempo o poder do fogo. Vivia Xangô no reino de Oió e ouviu dizer de um certo mago que vivia num reino distante que tinha uma poção capaz de fazer com que aquele que a tomasse, pudesse cuspir fogo e Ter o domínio sobre os raios e as tempestadades. Xangô muito ocupado, manda Iansã até o Reino viziho para pegar a tal poção. Lá chegando Iansã pega a tal poção e é avisada pelo mago para que não ousasse beber tal composto. No caminho, Iansã sente uma sede muito grande e não resistindo toma parte da poção. Chegando ao Reino de Oió, é perguntada por Xangô sobre o sucesso da viagem. Sem esperar, no ato da resposta Iansã fala com labaredas de fogo saindo pela boca. Xangô irado, manda Iansã embora, mas sabendo que a partir daquele dia teria Iansã como companheira dos raios e trovões.
O Arquétipo dos seus filhos
Assim como o orixá, seus filhos são amantes da justiça, agindo com muita imparcialidade, podendo ser excelentes profissionais ligados à área jurídica. Podem também exercer cargos dentro do exército ou do governo, devido às suas qualidades de autoridade e comando. Sabem, como ninguém, administrar seu patrimônio, não deixando que nada escape ao seu controle. Embora não admitam, também gostam de controlar as despesas dos membros de sua família, mas não deixa que nada lhes falte. Fisicamente são fortes, com discreta tendência à obesidade. Geralmente, são de média ou baixa estatura, com estrutura óssea bem desenvolvida e, quase sempre, desprovidos de nádegas. Seus filhos podem ser identificados pelo forte timbre de voz, assemelhando-se ao barulho do trovão. São honestos e sinceros em seus relacionamentos, mas dificilmente fiéis. Têm a fama de mulherengos. Apresentam alta dose de energia, auto-estima e egocentrismo. Possuem uma postura nobre e hábitos aristocráticos, gostando de dar a última palavra em tudo. Seu humor é variável, sendo incapazes de cometer injustiças.
O Culto ao Orixá
Para se entender o culto aos Orixás, é necessário conhecer o significado da palavra: o orixá é a força da natureza divinizada. De acordo com as lendas Yorubás, os orixá vieram do Orum para o Ayé (do céu para a terra). Tiveram corpo físico na Terra por algum tempo, com vida semelhante à dos homens. Depois voltaram em definitivo para o Orum, deixando para os homens as instruções de como seriam cultuados futuramente. Xangô é cultuado as quartas-feiras com Iansã e com Oxumarê. No Brasil é Orixá de alta patente, tendo em Alagoas e em Sergipe significado de Casa de Santo ou terreiro. Seu cardápio sagrado é constituído de Abô (carneiro), Akukó (galo), Etu (galinha). Seu animal sagrado é o Ajapá (cágado). Uma das comidas mais conhecidas deste Orixá é o Amalá, espécie de pirão de farinha com carne misturado com quiabos, colocado na gameleira e enfeitado com certo numero de quiabos (em geral 12) mais pode variar de acordo com o intuito e com a qualidade. Sua filiação seria Oxalá e Yemanjá. Sua área de atuação seria a justiça e todas as causas que dependem de certa atenção. Está presente também na proteção de catátrofes e tragédias. Sua bebida é o aluá ou a cerveja preta. Suas contas são de cor marrom. Sua saudação é Kaô Kabecile!!!
Xangô
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça - representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.
Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos raios, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada. Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.
Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência, entregando a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Obá, a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela abandone Oxossi; e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou.
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Oyó, filho de Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó (Nigéria), posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.
Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se na floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro - a cadeia das gerações humanas. E ele se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é filho de Oxalá, tendo Yemanjá como mãe.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade de vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Yemanjá. Diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.
Montado por Alex de Oxóssi
Xá = Senhor, dirigente
Angô = Raio, fogo, alma
Xangô = Senhor do Raio, Senhor das Almas ou Senhor Dirigente das Almas
São Jerônimo – Xângo Agodô = Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
São Pedro – Xângo Agajô = Protetor das Almas que entram no céu.
São João Batista – Xangô Kaô = Protetor dos que sofrem injustiças, Senhor Chefe das Falanges do Oriente. (Ori=Cabeça) Rei da Cachoeira, Senhor da Justiça, Rei das Pedreiras, dos Raios e Trovões e das Forças da Natureza.
Talvez estejamos diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o primeiro Deus Iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras.
Xangô é um Orixá bastante popular no Brasil e às vezes confundido como um Orixá com especial ascendência sobre os demais, em termos hierárquicos. Essa confusão acontece por dois motivos: em primeiro lugar, Xangô é miticamente um rei, alguém que cuida da administração, do poder e, principalmente, da justiça – representa a autoridade constituída no panteão africano. Ao mesmo tempo, há no norte do Brasil diversos cultos que atendem pelo nome de Xangô. No Nordeste, mais especificamente em Pernambuco e Alagoas, a prática do candomblé recebeu o nome genérico de Xangô, talvez porque naquelas regiões existissem muitos filhos de Xangô entre os negros que vieram trazidos de África. Na mesma linha de uso impróprio, pode-se encontrar a expressão Xangô de Caboclo, que se refere obviamente ao que chamamos de Candomblé de Caboclo.
Xangô é pesado, íntegro, indivisível, irremovível; com tudo isso, é evidente que um certo autoritarismo faça parte da sua figura e das lendas sobre suas determinações e desígnios, coisa que não é questionada pela maior parte de seus filhos, quando inquiridos.
Suas decisões são sempre consideradas sábias, ponderadas, hábeis e corretas. Ele é o Orixá que decide sobre o bem e o mal. Ele é o Orixá do raio e do trovão.Na África, se uma casa é atingida por um raio, o seu proprietário paga altas multas aos sacerdotes de Xangô, pois se considera que ele incorreu na cólera do Deus. Logo depois os sacerdotes vão revirar os escombros e cavar o solo em busca das pedras-de-raio formadas pelo relâmpago. Pois seu axé está concentrado genericamente nas pedras, mas, principalmente naquelas resultantes da destruição provocada pelos rai os, sendo o Meteorito é seu axé máximo.
Xangô tem a fama de agir sempre com neutralidade (a não ser em contendas pessoais suas, presentes nas lendas referentes a seus envolvimentos amorosos e congêneres). Seu raio e eventual castigo são o resultado de um quase processo judicial, onde todos os prós e os contras foram pensados e pesados exaustivamente. Seu Axé, portanto está concentrado nas formações de rochas cristalinas, nos terrenos rochosos à flor da terra, nas pedreiras, nos maciços. Suas pedras são inteiras, duras de se quebrar, fixas e inabaláveis, como o próprio Orixá.
Xangô não contesta o status de Oxalá de patriarca da Umbanda, mas existe algo de comum entre ele e Zeus, o deus principal da rica mitologia grega. O símbolo do Axé de Xangô é uma espécie de machado estilizado com duas lâminas, o Oxé, que indica o poder de Xangô, corta em duas direções opostas. O administrador da justiça nunca poderia olhar apenas para um lado, defender os interesses de um mesmo ponto de vista sempre. Numa disputa, seu poder pode voltar-se contra qualquer um dos contendores, sendo essa a marca de independência e de totalidade de abrangência da justiça por ele aplicada.
Segundo Pierre Verger, esse símbolo se aproxima demais do símbolo de Zeus encontrado em Creta. Assim como Zeus, é uma divindade ligada à força e à justiça, detendo poderes sobre os raios e trovões, demonstrando nas lendas a seu respeito, uma intensa atividade amorosa.
Outra informação de Pierre Verger especifica que esse Oxé parece ser a estilização de um personagem carregando o fogo sobre a cabeça; este fogo é, ao mesmo tempo, o duplo machado, e lembra, de certa forma a cerimônia chamada ajerê, na qual os iniciados de Xangô devem carregar na cabeça uma jarra cheia de furos, dentro da qual queima um fogo vivo, demonstrando através dessa prova, que o transe não é simulado.
Xangô portanto, já é adulto o suficiente para não se empolgar pelas paixões e pelos destemperos, mas vital e capaz o suficiente para não servir apenas como consultor.
Outro dado saliente sobre a figura do senhor da justiça é seu mau relacionamento com a morte. Se Nanã é como Orixá a figura que melhor se entende e predomina sobre os espíritos de seres humanos mortos, Eguns, Xangô é que mais os detesta ou os teme. Há quem diga que, quando a morte se aproxima de um filho de Xangô, o Orixá o abandona, retirando-se de sua cabeça e de sua essência, entregando a cabeça de seus filhos a Obaluaiê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal o grau de aversão que tem por doenças e coisas mortas.
Deste tipo de afirmação discordam diversos babalorixás ligados ao seu culto, mas praticamente todos aceitam como preceito que um filho que seja um iniciado com o Orixá na cabeça, não deve entrar em cemitérios nem acompanhar a enterros.
Tudo que se refere a estudos, as demandas judiciais, ao direito, contratos, documentos trancados, pertencem a Xangô.
Xangô teria como seu ponto fraco, a sensualidade devastadora e o prazer, sendo apontado como uma figura vaidosa e de intensa atividade sexual em muitas lendas e cantigas, tendo três esposas: Obá, a mais velha e menos amada; Oxum, que era casada com Oxossi e por quem Xangô se apaixona e faz com que ela abandone Oxossi; e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou.
No aspecto histórico Xangô teria sido o terceiro Aláàfin Oyó, filho de Oranian e Torosi, e teria reinado sobre a cidade de Oyó (Nigéria), posto que conseguiu após destronar o próprio meio-irmão Dada-Ajaká com um golpe militar. Por isso, sempre existe uma aura de seriedade e de autoridade quando alguém se refere a Xangô.
Conta a lenda que ao ser vencido por seus inimigos, refugiou-se na floresta, sempre acompanhado da fiel Iansã, enforcou-se e ela também. Seu corpo desapareceu debaixo da terra num profundo buraco, do qual saiu uma corrente de ferro – a cadeia das gerações humanas. E ele se transformou num Orixá. No seu aspecto divino, é filho de Oxalá, tendo Iemanjá como mãe.
Xangô também gera o poder da política. É monarca por natureza e chamado pelo termo obá, que significa Rei. No dia-a-dia encontramos Xangô nos fóruns, delegacias, ministérios políticos, lideranças sindicais, associações, movimentos políticos, nas campanhas e partidos políticos, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, à vontade, a iniciativa. É a rigidez, organização, o trabalho, a discussão pela melhora, o progresso social e cultural, a voz do povo, o levante, à vontade d e vencer. Também o sentido de realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o chamado “sangue azul”, o poder de liderança. Para Xangô, a justiça está acima de tudo e, sem ela, nenhuma conquista vale a pena; o respeito pelo Rei é mais importante que o medo.
Xangô é um Orixá de fogo, filho de Oxalá com Iemanjá. Diz a lenda que ele foi rei de Oyó. Rei poderoso e orgulhoso e teve que enfrentar rivalidades e até brigar com seus irmãos para manter-se no poder.
A finalidade principal desta linha é fazer caridade, implantando a justiça e os sentimentos que lhe são entregues. Sua essência é ígnea, manifesta-se nas montanhas rochosas, pedreiras e energiza a estabilidade constante vibrando na musculatura e na razão.É cultuado nas montanhas e pedreiras e aceita como oferenda cerveja preta, vinho branco doce, melão, abacaxi, rabada de boi e é firmado com velas brancas e marrons. Simbolizado pela cor marrom e figurativamente pelo desenho de um machado com dois cortes. Irradia justiça e racionalidade, flui resignação, obediência e submissão e seu oposto é Iansã.
Xangô exerce uma influêcia muito forte em seu filho. Todos os Orixás, evidentemente, são justos e transmitem este sentimento aos seus filhos. Entretanto, em Xangô, a Justiça deixa de ser uma virtude, para passar uma obsessão, o que faz de seu filho um sofredor, principalmente porque o parâmetro da Justiça é o seu julgamento e não o da Justiça Divina, quase sempre diferente do nosso, muito terra. Esta análise é muito importante. O filho de Xangô apresenta um tipo firme, enérgico, seguro e absolutamente austero. Sua fisionomia, mesmo a jovem, apresenta uma velhice precoce, sem lhe tirar, em absoluto, a beleza ou a alegria. Tem comportamento medido. É incapaz de dar um passo maior que a perna e todas as suas atitudes e resoluções baseiam -se na segurança e chão firme que gosta de pisar. É tímido no contato mas assume facilmente o poder do mando. É eterno conselheiro e não gosta de ser contrariado, podendo facilmente sair da serenidade para a violência, mas tudo medido, calculado e esquematizado. Acalma-se com a mesma facilidade quando sua opinião é aceita. Não guarda rancor. A discrição faz de seus vestuários um modelo tradicional.
Quando o filho de Xangô consegue equilibrar o seu senso de Justiça, transferindo o seu próprio julgamento para o Julgamento Divino, cuja sentença não nos é permitido conhecer, torna-se uma pessoa admirável. O medo de cometer injustiças muitas vezes retarda suas decisões, o que, ao contrário de lhe prejudicar, só lhe traz benefícios. O grande defeito dele é julgar os outros. Se aprender a dominar esta característica, torna-se um legítimo representante do Homem Velho, Senhor da Justiça, Rei da Pedreira. Por falar em pedreira, adora colecionar pedras.
Xangô era filho de Oranian, valoroso guerreiro, cujo corpo era branco à esquerda e preto à direita.
Xangô tinha um oxé – machado de duas lâminas; tinha também um saco de couro, pendurado no seu ombro esquerdo. Nele estavam os elementos do seu axé: aquilo que ele engolia para cuspir fogo e amedrontar seus adversários, e as pedras de raio com as quais ele destruia as casas de seus inimigos.
Assim que ficou adulto, Xangô partiu em busca de aventuras gloriosas. O primeiro lugar que Xangô visitou chamava-se Kossô. Ali chegando, todos de Kossô vieram lhe pedir clemência, gritando: “Kabiyesi Xangô, Kawo Kabiyesi Xangô Obá Kossô!” (vamos todos ver e saudar Xangô, o Rei de Kossô!).
Assim ele pôs-se à obra; realizava trabalhos úteis à comunidade e fazia as coisas com alma e dignidade. Mas esta vida calma não convinha à Xangô. Ele adorava as viagens e as aventuras. Assim, partiu novamente e chegou à cidade de Irê, onde morava Ogum.
Ogum o terrível guerreiro; Ogum o poderoso ferreiro. Ogum estava casado com Iansã, senhora dos ventos e tempestades. Ela ajudava Ogum na forja, carregando suas ferramentas e atiçando o fogo com os sopradores. Xangô gostava de ver Ogum trabalhar; vez por outra, ele olhava para Iansã. Iansã também olhava para Xangô.
Xangô era vaidoso e cuidava muito de sua aparência, a ponto de trançar seus cabelos e furar suas orelhas, onde pendurava grandes argolas de ouro. Usava braceletes e colares de contas vermelhas e brancas.
Muito impressionada pela distinção e pelo brilho de Xangô, Iansã foi-se embora com ele tornando-se sua primeira mulher.
São Jerônimo, sincretizado com Xangô no Brasil, nasceu de uma família abastada, provavelmente no ano 331, na cidade de Stridova, entre a Cro? ?cia e a Hungria.Estudou em Roma, especializando- se na arte da oratória.
Como sua juventude fora dedicada à vida mundana, Jerônimo tardou seu batizado e, em carta ao papa, ele vislumbrou para si um batismo de fogo no qual suas máculas seriam queimadas. Após ter copiado dois livros de Santo Hilário, ele decidiu estudar teologia. Mas sua leitura favorita continuava a ser a literatura dos grandes legisladores e oradores, como Cícero.
Aos 43 anos, ele esteve muito doente e permaneceu muito tempo acamado, durante a Quaresma, jejuou e teve visões, vendo-se diante do trono do Senhor.
Resolve dedicar-se a uma vida monástica, isolando-se no deserto de Marônia, na Síria. Livros, penas e nanquim são seus companheiros.
Para combater a pensamentos impuros, pegava uma pedra e batia em seu peito, punindo-se, logo após voltava a escrever em hebraico, onde se tornou mestre nessa lí ngua.
O sincretismo entre Xangô e São Jerônimo está no temperamento forte, crítico e na medida que ambos são conhecedores de leis e mandamentos. Xangô tem como lugar as pedreiras.
Sua imagem é representada por um ancião sentado sobre as pedras, segurando a tábua dos 10 Mandamentos e com um leão ao lado.
Xangô tem sua falange também, o mais conhecido é Xangô Kaô.
INCORPORAÇÃO
Na incorporação de Xangô podemos ver o médium curvado, como uma pessoa idosa e com os braços cruzados sobre o peito, batendo firmemente, assim como S. Jerônimo fazia com as pedras em seu peito para afastar os males da carne e a tentação do espírito
O GRANDE AMOROSO
Xangô é um deus cotidiano e, portanto, itifálico. De início, vêmo-lo como divindade hermafrodita. Muitas efígies suas na África – imagens de madeira, te ndo no alto da cabeça, destacado, o machado bifronte – mostram, também em destaque, os seios volumosos. E mesmo no Brasil, no sincretismo católico, Xangô é às vezes identificado com Santa Bárbara. Aos poucos, porém, ele vai se afirmando em sua orgulhosa virilidade. Altivo e dominador, elegante e cheio de sedução, usa cabelos encaracolados, brincos de argolas metálicas, colares e pulseiras.
Numa lenda contada por João do Rio, andava Xangô pelas aldeias, de tribo em tribo, apoderando-se das mulheres alheias. Encontrando a velha Olobá, Xangõ agarrou-a à força e depois foi com ela viver, numa cama feita de olentes folhas de manjericão. Até que, cansado da velha, Xangô fugiu. Mas Olobá pertencia à família dos orixás, era avó de Oxun. Por isso Xangô teve de enfrentar perigos incontáveis – um inimigo em cada canto, uma guerra em cada tribo, uma serpente em cada moita. Refugiou-se, por fim, no palácio da rainha Oxum, comparedes de c ristal líquido e colossais repuxos de cores estranhas. Após inúmeras peripécias, Xangô consegue livrar-se dos seus inimigos e da velha Olobá.
Triunfalmente, ele se atira nos braços da rainha. “Uma nuvem gigantesca encheu os céus, as árvores partiram-se e, ao clangor dos trovões, toda a terra se embebeu sequiosa no temporal”. Do enlace de Xangô e Oxum nasce a chuva benfazeja.
HETEROMORFIA E SINCRETISMO
Xangô é identificado com São Jerônimo, o erudito doutor da Igreja latina e, excepcionalmente, com Santa Bárbara.
No candomblé, usa saiote e calça, coroa de cobre, metal precioso em Iorubá, braceletes e colares de cauris ou búzios.
Xangô-Airá, velho e alquebrado, veste-se de branco com barras vermelhas. Não come aceite, pois tem pacto com Oxalá. Identificado com SãoPedro. Forma cada vez mais rara nos candomblés.
Xangô de Ouro, um adolescente vestido de cores variadas, é São João Menino. Não “desce” mais, porque deixaram de ser encontradas as ervas necessárias, nos ritos de iniciação, para a “entrada na cabeça” desse orixá. Um Xangô banido pela destruição ecológica.
Xangô Ogodô dança com um ochê em cada mão e o próprio nome é referência ao machado duplo, pois ogodô significa “que corta dos dois lados”.
Em Recife cultuam dois Xangôs principais: Xangô-Velho, identificado com São Jerônimo, cuja festa é a 30 de setembro, e Xangô-Moço (Ani-Xangô), sincretizado com Saõ João e celebrado a 24 de junho. Dos seus símbolos e insígnias, o machado duplo ou “muleta” e o pilão são conservados no peji, de onde podem sair em determinados rituais. Jamais é retirado, no entanto, o”corisco” ou itá ou otá (pedra-do-raio) , que permanece guardado num alguidar (oberá) . Xangô é tão popular em Pernambuco, que o nome passou a designar terreiros e, ainda mais extensamente, todas as seitas afro-brasileiras.
Entre as várias formas de Xangô citam Xangô Dadá, em Porto Alegre identificado com São João Batista e que no seu dia, 24 de junho, não “baixa” porque, com a queima de fogos que o festejam, ele iria incendiar o mundo.
Na realidade, Dadá é o irmão mais velho de Xangô, que abdicou em seu favor, quando de Oyá. Dadá dança coroado com o adé-de-banhami ou corão de Dadá, um capacete vermelho, todo ornamentado de cauris e de cujas bordas pendem fios também cobertos de búzios. Quando Dadá se manifesta num candomblé, logo baixo um Xangô, que tira o adé-de-banhami e coloca na própria cabeça. Após dançar algum tempo com essa coroa de Dadá, Xangô acaba por devolvê-la, num símbolo da restituição, após sete anos, do reino de Oyó, que estava em poder de Xangô.
Xangô o Zeus iorubano é conhecido também (dependendo da nação) como : Xangô (nagôs), Sobô, Sogbo (jejes), Badé, Quevioçô (fanti-ashanti) , Conucon (tapa), Abaçucá (agrôno), Zaze, Cambãranguange ou Kubuco (bantos). Ele foi marido de três iyabás que foram rios africanos: Oiá (Niger), Oxun e Obá. (segundo Pierre Fatumbi Verger) – no livro Orixás.
Sua saudação – Kaô kabiecí! – significa “Venham ver o Rei!”
Xangô dança brandindo seu machado duplo e, quando o ritmo se acelera, faz o gesto de atirar pedras-do-raio imaginárias, tiradas do labá, uma bolsa decorada que ele leva a tiracolo.
Numa festa de Xangô, por vezes, os que estão possuídos pelo Orixá ingerem pedaços de algodão embebidos em azeite-de-dendê , que se incendeia, proeza que presenciamos algumas vezes no terreiro do pai-de-santo Júlio Estaves, em Olinda,RJ (Conta Pierre Verger, no livro c itado). Esse algodão incandescente – o acará – serve para provar que o Orixá está presente e, portanto, não há simulação.
Seu maior símbolo..........machado de lâmina dupla(oxé); meteorito.
Suas plantas...................folha de Xangô (comigo-ninguém-pode ), quiabo, cambará, sabugueiro.
Seu dia...........................segunda-feira
quarta-feira
Sua cor...........................vermelho e branco
Seu mineral.....................aço
Seus elementos................fogo.
fogo.
Saudação........................Caô Cabiecilê!
Domínios:......................o fogo celeste: raio, trovão, meteorito.
Comidas:........................amalá, rabada, zorô, bobó, milho assado. Fruta de conde.
Animais:........................jabuti
Quizilas..........................doença e morte
Características.................autoritário, severo, justiceiro, líder maduro; egocêntrico, mandão.
O que faz : ....................corrige injustiças, protege contra catástrofes.
Riscos de saúde...............hipertensão e suas conseqüências; nevralgias e tensão.