A ORIGEM DA UMBANDA
Os primeiros cultos começaram a se difundir por volta de 1763. Com a designação de macumba experimentaram certo período de resplendor que se apagou no inicio deste século. Debilitaram-se com as concessões feitas as tradições culturais de Angola. Assim é que passaram a adotar danças semi-religiosas (gongo e o caxaruin) e o culto dos mortos.
A adesão de novos brasileiros fortaleceu a absorção de elementos nacionais, desenvolvendo-se, assim, praticas espiritistas e ocultistas ao lado de novas divindades caboclas e negras. O processo sincrético que deu origem a Umbanda desenvolveu-se em etapas históricas:
• Primeira: Africana ou básica - resultado da sedimentação de contribuições árabes, egípcias, semíticas, etc., formando os cultos básicos das nações que nos forneceram escravos.
• Segunda: Indígena - os negros que se embrenhavam nas matas, principalmente os de origem banto identificam-se com o que havia de, semelhante nos cultos dos indígenas.
• Terceiro: Européia ou católica - os negros e índios, incapazes de assimilar a religião católica que lhes era imposta pelos padres, fizeram-no imperfeita ou parcialmente no que havia de correspondência - com suas divindades tradicionais.
• Quarta: Espiritista - após a libertação dos escravos vemos a integração do seu culto ao culto espiritista que se difundia entre as elites brasileiras desde 1873. Dai começa, então a se formar um novo culto, que se distancia dos candomblés da Bahia.
A nova religião que se derivou deste processo sincrético obteve varias denominações. Em Angola, dava-se o nome de Mbanda ao sacerdote, e ao invocador de espíritos, Ki-Mbanda. Desta forma, em principio, Umbanda queria dizer sacerdote; depois, por extensão, passou a designar, "local de culto", e, finalmente, para nós, brasileiros, a religião. Já em 1894, através da palavra de Hely Chanterlain encontramos o registro dos termos com o seu significado e derivação.
Partindo dai, a macumba-mista do Rio de Janeiro, produto sincrético de praticas espíritas, culto dos orixás e magia européia, foi aos poucos tendendo para a denominação de Umbanda. Para Edson Carneiro existe uma diferença básica entre a Umbanda e a Macumba, e ambas sobrevivem lado a lado. "As confrarias, chamadas a principio macumbas, compreendiam a linguagem mágica dos tambores e a possessão da divindade de acordo com o modelo original - e por isso se viram expulsas do perímetro urbano carioca; as sucessoras, ou aquelas que se adaptaram as novas exigências policiais, passaram a chamar-se Umbanda, suprimindo os tambores e moderando a possessão".
O primeiro Congresso Umbandista realizou-se no Rio de Janeiro em 1941, visando estruturar uma pratica religiosa, o que já se fazia há mais de trinta anos, desordenadamente. Nele foram delimitados os elementos de cujo sincretismo surgiu a Umbanda nas suas diversas apresentações, já que não ha uma unidade doutrinaria e ritual. E justamente o objetivo de seus órgãos de tentar tal unificação para o maior fortalecimento da religião.
Atualmente a Umbanda surge como um fenômeno social de maior importância, dado seu crescente predomínio. Já conta atualmente, no Grande Rio, com centenas de terreiros adeptos, o que a coloca na situação de religião prevista pelos estudiosos como a que devera predominar daqui a alguns anos.
Apesar da tradição africana, a Umbanda pode ser considerada essencialmente brasileira. Os santos se adaptam ao ambiente. Usa-se uma linguagem direta e compreensível. Os cultos africanos podem servir de modelo no que se refere à comunicação.
Tal adaptação explica o sucesso do crescimento da Umbanda. Alem disso, o crescimento da Umbanda no Grande Rio prende-se, sobretudo, aos anseios populares que encontram nesta religião uma identificação imediata, principalmente nas camadas mais baixas da sociedade. Para isso muito contribui:
a) o ritual, simples e direto. O médium adota a roupagem numa igualdade de condições com o ambiente; '
b) comunicação simples e.direta - o crente fala diretamente com a entidade, através de seu cavalo; sem maiores problemas e com muita simplicidade, o crente trata dos seus assuntos de forma espontânea e clara, numa linguagem de fácil compreensão;
c) o imediatismo - a possibilidade de resolver seus problemas em curto prazo;
d) o sincretismo religioso - o que contribui positivamente para que seja cada vez maior o número de adeptos aos cultos umbandistas. Através dos caboclos, pretos-velhos e exus, observa-se uma integração das religiões, cujos resultados poderão ser benéficos para os que buscam a Umbanda como um acordo extensivo da religião católica, que ainda respeitam e acreditam mas que dela se distanciam cada vez mais;
e) a música, extremamente simples e de poesia singela, atinge diretamente o sentimento do povo. Os instrumentos são de percussão e o ritmo vibrante marca todo o culto;
f) a facilidade de se entrar em contato com a religião, para se fazer à cerimônia religiosa.
Texto cedido por Ettiene Sales
Umbanda sua história através do século
Umbanda é o grande e verdadeiro culto que os espíritos humanos encarnados, na Terra, prestam por intermédio dos orixás. Desse culto participam os espíritos elementais e os espíritos humanos desencarnados.
A principal finalidade do culto de Umbanda é o serviço às criaturas humanas e espíritos humanos encarnados ou desencarnados, seja por meio da doutrinação ou por meio do auxilio espiritual, nas dificuldades materiais e morais, alivio ou cura de doenças.
Esse culto deve ser prestado com humildade, pureza e disposição a caridade. Humildade, Pureza e Caridade são os três requisitos indispensáveis a pratica da Umbanda. Há quem diga que na Umbanda não deve haver doutrinação, pois que se supõe ser ela exclusivamente kardecista.
Não é bem assim. A Umbanda não exclui a doutrinação, que tanto pode ser dada pelo presidente das sessões, como pelos espíritos incorporados nos médiuns.Na sua essência e na sua finalidade, a Umbanda é idêntica a todas as religiões do passado e do presente.
Umbanda reconhece um Ser Supremo, trino na sua manifestação cósmica, as hierarquias de entidades espirituais, o papel que essas hierarquias desempenham no Universo, as suas funções, a evolução dos espíritos.
A Umbanda tem a sua origem africana, pois é um nome de origem quimbandeira que quer dizer o seguinte:
Mágico, Curandeiro, Chefe de Terreiro, De conformidade, porém, com a extraordinária definição de um iluminado Guia, e a mais alta expressão da Magia Universal em direção ao caminho da Perfeição e da Sabedoria Divina. Esta definição talvez seja criticada e censurada, entretanto, esperamos que os seus possíveis críticos e censores não confundam Magia com mágica.
Esta definição de Umbanda merece da parte de todos nos, seus aprendizes, uma profunda analise, meditação e um meticuloso estudo, porque já é chegado o momento de não mais se confundir Umbanda com Africanismo, visto nada existir de comum entre ambos, tal como não existe entre habeas-corpus e Corpus Christi; e se alguma coisa de comum existisse, e que, os africanos como todos os povos do mundo, desde épocas imemoriais, praticam a Magia em sua forma evoluída, rudimentar, intuitiva ou por tradição, isto é, de pais para filhos, de povos para povos, de tribos para tribos.
Devemos observar também que, muito antes da chegada dos escravos ao Brasil, os índios que aqui se encontravam, quando do descobrimento, já realizavam verdadeiras sessões e trabalhos espíritas em suas práticas ritualísticas. Estudar as forcas extraterrestres que nos envolvem e as quais estamos submetidos e subordinados, quer queiramos ou não; viver em harmonia com o Universo Infinito como partes integrantes que somos desse Todo Indivisível deve ser o nosso esforço e empenho para que, com os frutos dos nossos estudos e de nossa aprendizagem possamos tirar a máxima eficiência nos trabalhos que viermos a realizar, seja em nosso próprio beneficio, seja em beneficio de nossos irmãos encarnados ou desencarnados.
Esta é, na realidade, a Umbanda que compreendemos e que praticamos, muito diferente daquela tão difundida por ai e que serve de fonte de enriquecimento ilícito de supostos médiuns que vêem no Terreiro nada mais que um balcão comercial, mas nunca um Templo de Fraternidade onde pontificam com sabedoria, espírito de renuncia, humildade, devotamento e caridade, espíritos de elevada superioridade dos Pretos-Velhos e Caboclos.
A definição do nome de Umbanda é a seguinte: Temos, em linguagem oriental antiga, a palavra UM, que significa Deus, e BANDA, também da mesma origem, que quer dizer agrupamento, legião. A influencia do Oriente sobre os povos africanos,foi a causa de que, no Brasil, recebêssemos a Umbanda da África dado a grande massa de africanos que emigraram para o Brasil na época colonial. Muitos historiadores que se tem ocupado com o estabelecimento da Umbanda no Brasil, afirmam que ela teve inicio, pode-se dizer, logo após o seu descobrimento, afirmando ainda que, por volta de 1930, já andava por cerca de dois milhões de negros africanos que, dentro dos seus usos e costumes, praticavam os mais estranhos e bárbaros rituais.
Mas, deixando a parte histórica da Umbanda, a qual seria muito longa, devemos aqui apelar para todos os verdadeiros umbandistas que queiram seguir o caminho certo para fazerem o melhor uso que lhes for possível de todos os atributos dos protetores que assistem a todos nós, pois essa colaboração é indispensável, a,fim de que, unidos nesse mesmo ideal, possam dar a Umbanda o lugar de respeito que ela tem, o direito de esperar de todos nos, isto é, de todos os que estão convocados para trabalhar em grandiosa e fraternal oficina. Em resumo, a Umbanda é a Caridade, nada mais.
Dicionário de Umbanda, Altair Pinto, ed. Eco.
Umbanda - hoje em dia
Podemos observar que a Umbanda tem o poder de atingir todas as camadas sociais e como toda religião, tem o objetivo principal de RELIGAR o homem a Deus, trazer de volta para dentro da humanidade aquela parcela perdida por anos e anos de embrutecimento espiritual. Que levaram os habitantes da Terra a estados bárbaros e miseráveis por todas as épocas.
Estamos passando por tempos de provação e chamada a uma nova mentalidade mais voltada a mensagem de nossos benfeitores cósmicos, sendo esta a grande meta deste movimento: restaurar o AUMBHANDAN um estado de suprema elevação espiritual que esta sendo incrementado aos poucos em todas as mentes.
O movimento umbandista trás dentro de si essa grande responsabilidade: libertar das trevas nosso planeta, faze-lo mais leve e mais alegre: dar aos que não tem, uma chance de se lembrarem de sua missão aqui no nosso plano; despertar consciências sem agredi-las, claro, para que se sintam felizes na pratica da caridade.
Geralmente o leigo tem uma idéia mal formada a respeito de vários cultos, os chamados afro-brasileiros. Muitos acham que Umbanda e Candomblé são sinônimos, o que é um grande erro, principalmente para aqueles que estão dentro de algum destes cultos e quase sempre imaginam ser correntes integradas umas nas outras.
De fato, há uma diferença gritante entre o Candomblé e Umbanda, e estas diferenças são patentes e facilmente reconhecíveis:
Na Umbanda não há sacrifício de animais, seja para louvar Orixá, Guia ou Exu, seja para apaziguar qualquer desmando ocasionando pelo baixo astral.
Na Umbanda não há roupas coloridas em profusão (quando há, geralmente dentro da vivencia popular, e por motivo de festa, mas mesmo assim de forma muito discreta), e as guias geralmente são menores que as usadas no Candomblé, tendo inclusive funções diferentes.
Na Umbanda os pontos cantados são em português na sua maioria, o que já não ocorre no Candomblé, os quais são cantadas na língua da nação a que pertencem: Angola, nagô, Gege, etc.
A Umbanda tem todo um ritual preparatório anterior a gira, ritual este que, apesar de ser variável de terreiro a terreiro, consta geralmente de uma espécie de preparo psicológico, defumações, etc. No Candomblé, as apresentações em público geralmente são em dias de festa, ou das "saídas" de santo. Ai não há preparação e não há fim previsto para o seu termino. Existem muitas outras diferenças, que são mais facilmente encontradas quando se comparadas aos cultos de nação puros,que hoje em dia estão cada vez mais raros, visto a maior proliferação dos chamados candomblés de Caboclo (alguns ditos "Umbandombles" ou cultos Omoloco - Umbanda "traçada" ou "mista"), onde espíritos de Caboclos se manifestam, numa clara aproximação com a Umbanda.
Convém lembrar que no Candomblé, ou no culto de nação puro, não se tolerava a presença de Eguns. Estes eram repelidos e tinham seu culto próprio, bem como toda a sua ritualística separada do culto aos orixás.
A Umbanda trás de volta a antiga e perdida sabedoria de nossos antepassados da raça vermelha que foi adulterada e modificada com o passar dos séculos. A raça vermelha a qual nos referimos não é a dos índios atuais, estes o que sobraram de sua portentosa cultura, mas sim a raça que detinha o verdadeiro conhecimento integrado do cosmo, os grandes magos brancos iniciais, possuidores da verdadeira essência da Arte, Filosofia, Ciência e religião, o já dito AUMBHANDAN, que reúne todas estas áreas numa só força integrada. Esta raça habitava, há milhares de anos, as nossas terras, o Brasil, de onde, por migrações varias, distribuiu seu conhecimento as outras partes de nosso planeta. A raça vermelha decaiu, o conhecimento foi velado e se adulterou mais e mais ate que se perdessem as verdadeiras chaves do conhecimento integral.
Texto cedido por Etiene Sales
Fundamentos e crenças da Umbanda
Há um denominador comum na base das crenças e dos rituais praticados na Umbanda, que se vêm irmanando, ajustando e cristalizando fundamentos pela busca incessante de princípios e explicações modernas do ensinamento transmitido oralmente, como acontecia no passado, porque hoje assim o permite a facilidade dos meios de comunicação e confraternização entre os praticantes.
O sincretismo que serve de base à Umbanda originou outras acepções, num sentido evolucionista, que faz a Umbanda se distanciar de suas origens, embora haja ligações ponderáveis efetivas e perfeitamente reconhecíveis numa análise comparada dos cultos.
Essencialmente, a Umbanda fundamenta-se na:
Existência de Deus, onipotente e irrepresentável.
Existência dos Orixás, entidades espirituais do Plano Superior, que controlam as sete linhas da Umbanda.
Existência de Guias Espirituais, mensageiros dos Orixás, ainda em evolução, buscando o aperfeiçoamento.
Existência do Espírito, sobrevivendo ao Homem, em caminho de evolução buscando o aperfeiçoamento.
Crença na Reencarnação e na Lei Cármica.
Prática da Mediunidade e a incorporação dos Guias Espirituais através do médium.
Prática da Caridade, na palavra e na ação.
Afirmação de que as Religiões constituem os diversos caminhos de evolução espiritual que conduzem a Deus.
Liberdade de prática religiosa, respeitadas as leis dos poderes constituídos.
Necessidade do ritual como elemento disciplinador dos trabalhos.
Texto cedido por Marizzete
Fundamentos da Umbanda
Umbanda é a manifestação do espírito para a caridade. Coadjuvando tal definição, poderemos, inclusive cimentá-la com outra da Codificação da Doutrina Espírita, que diz: Fora da caridade não há salvação.
A caridade propiciada nas tendas umbandistas é muito ampla, e sempre começa com a ação dos Espíritos, proporcionando o bem espiritual, com uma série de benefícios aos Espíritos perturbadores que lá chegam com as pessoas e logicamente aos consulentes, tais como:
Caridade para com o médium, por sua dedicação e renúncia e, concomitantemente, ao seu aperfeiçoamento moral, espiritual e material;
A caridade proporcionada ao Espírito comunicante, pela necessidade que tem do médium, pois sem este não seria possível as comunicações e na diversidade nos serviços (como esclarece o apóstolo Paulo); o Espírito Guia, no intercâmbio com o médium e a coletividade, também faz o seu progresso, a sua evolução pelos trabalhos ou serviços que presta;
A caridade para com os Espíritos perturbadores ou obsessores, os desarvorados que são trazidos ao recinto dos trabalhos espirituais da Umbanda, bem assim os que enfermam as pessoas, com ou sem noção do mal que estão praticando; e que, por tais mal-estares que causam, obrigam as pessoas a recorrerem às tendas;
A caridade material, sem a intervenção dos Espíritos; através do Departamento de Assistência Social; onde são distribuídos gêneros alimentícios, roupas, enxovais para recém-nascidos, remédios, por vezes médico e dentista; enfim, campanhas para dar assistência quase que geral aos pobres são comuns às tendas bem organizadas.
Texto cedido por Marizelli
Profissão de fé baseada nas manifestações dos Espíritos de Caboclos e de Pretos Velhos, e na orientação dos mesmos, nos trabalhos mediúnicos pró-caridade, dentro da ritualística designada Umbanda; excluindo-se os Mitos – os Milagres, as superstições e o Sobrenatural.
Interpretação da Religião: É o conjunto de pensamentos, atos e sentimentos que estabelecem a relação entre o homem e Deus. Doutrina ou sistema de princípios que regula a subordinação da criatura ao Criador.
Finalidades da Religião: A finalidade da religião é conduzir o homem a Deus. Mas o homem não chega a Deus enquanto não se fizer perfeito. Toda religião, portanto, que não melhora o homem, não atinge a sua finalidade. Aquela em que ele pensa poder apoiar-se para fazer o mal é falsa ou foi falseada no seu início. Esse é o resultado a que chegam todas aquelas em que a forma supera o fundo. A crença na eficácia dos símbolos exteriores é nula, quando não impede os assassínios, os adultérios, as espoliações, as calúnias e a prática do mal ao próximo, sejam qual for. Ela faz supersticiosos, hipócritas, fanáticos, mas não homens de bem.
A religião verdadeira é aquela que enternece os corações, fala às almas, orienta-as, infunde coragem e jamais atemoriza. Deve dar liberdade de fé e de raciocínio, pois “onde há liberdade, aí reina o Espírito do Senhor”. (Paulo, apóstolo, II aos Coríntios, 3-7).
Princípio axiomático: “tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o também a eles; porque esta é a lei e os profetas”. (Jesus, Evangelho segundo Mateus, 7:12).
Texto cedido por Marizelli
Umbanda e Umbandas!
Publicado em Julho 22, 2009 por alexdeoxossi
Em informática se diz que o melhor software é aquele que o usuário consegue fazer tudo, ou quase tudo, que ele quer. Esse é o melhor software.
No caso da Umbanda podemos fazer uma analogia, ou seja, a melhor forma é aquela em que a pessoa consegue tudo ou quase tudo que quer. Aí os ensinamentos, a doutrina, os ritos e seja lá o que for a mais, são os ideais e essa pessoa ou essas pessoas sempre terão “arco reflexo psicológico” de repassar esse bem estar aos outros como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo, o melhor, a melhor forma.
O ser humano tende, por esse “arco reflexo psicológico”, a propagar aos outros o que ele acha melhor para si, pois foi e é bom para ele, por que não será para os outros também? Então vamos passar adiante o nosso bom e criticar o que não faz parte desse ideal que “me faz tão bem” (a pessoa). Afinal, e “eu vejo os resultados” do que acredito no meu centro, tenda templo, terreiro…
O meu certo é o certo, assim que é a Umbanda; definida e fundamentada nessa prática, nessa lógica, nesse racional, rompendo as crendices, rompendo as tradições, inovando em uma modernidade espiritual, “na minha verdade como Umbandista”, em uma verdade universal(?), nos livros de Kardec, nos livros de outras religiões, nos ensinamentos de ????? ou de ?????, nas palavras do caboclo XYZ, o espírito evoluidíssimo ABCD,…
Parece que nós Umbandistas, ou uma parte considerável de nós, é desesperadamente carente de fé, necessitados de uma tábua de salvação que nos mostre um norte, um rumo… Quando encontramos, quando aquela vibração maravilhosa nos completa, onde resolvemos nossos problemas, onde escutamos palavras maravilhosas, onde encontramos o sacerdote/sacerdotisa que nos abraço e supre as nossas necessidades de filhos/filhas, chegamos ao nosso lugar ideal.
Só que existem vários lugares ideais, vários segmentos maravilhosos. Cada um deles adequado a uma forma de pensamento, a uma forma de encarar a espiritualidade e a vida material, com fundamentos que nós aceitamos como corretos ou mesmo que acabamos entendendo e absorvendo como tal, onde seguimos regras, outro que nos dão liberdade para pensar, ler acertar e errar, outros que são severos e o que vale é o que o sacerdote/sacerdotisa diz…
Um lugar para cada pessoa, uma pessoa para cada lugar. Talvez essa seja a maior contribuição que a Umbanda tenha dado como religião: sua diversidade e a caridade de se flexibilizar ao ponto de que cada pessoa que procura possa encontrar a Umbanda que mais a preencha, mais a complete.
Algo muito interessante nessa característica da Umbanda, sua diversidade, é que ela é o que fez com que a Umbanda sobrevivesse até hoje, pois cada grupamento se formou e se moldou dentro de seus próprios fundamentos e doutrina, absorvendo ou não ensinamentos de outros setores da espiritualidade (dentro da Umbanda ou fora dela), mas acabaram se formando e exercendo suas atividades de ajuda, caridade, práticas e formando ou não sacerdotes ou dirigentes de culto. Só que, essa mesma diversidade que permitiu que tantas formas existentes de Umbanda fossem criadas, é o que mais incomoda a muitas pessoas, muitos Umbandistas, devido a magnitude de sua abrangência.
Vejam bem, a abrangência que a diversidade que a Umbanda permite tanto pode criar boas e novas formas, adequadas ao A, B, C, D, … como também pode abrir espaço aos picaretas ou aquelas formas mais estranhas de culto em que existem procedimentos que são rejeitados por alguns, mas tidos como normais para outros, como:
Trabalhar com Orixás: uns criticam, outros fazem culto;
Trabalhar com sacrifício animal: uns criticam, outros fazem culto;
Trabalhar com fumo e bebida: uns criticam, outros utilizam como parte do culto;
Liberdade para ir em outras casas: uns criticam, outros fazem isso normalmente;
Trabalhar com atabaques: uns criticam, outros fazem culto;
Cobrar alguma forma pecuniária de retribuição (voluntária ou obrigatória): uns criticam, outros utilizam como um forma de manter suas casas abertas;
Formação de escolas doutrinárias: uns criticam, pois vêem a Umbanda como caridade e, pela caridade, se alcança uma evolução (não precisa de livros, sacerdócio, conhecimento…); outros utilizam a escola de doutrina como uma forma de orientação para os médiuns e asssitenciados (variando suas doutrinas e formas);
Conteúdo das escolas de doutrina: uns partem para o espiritismo, Kardecismo, pois vêem que lá existem respostas (que as completam – lembram do melhor software) e valores morais identificáveis (mas não levam em conta as diferenças existentes entre a Umbanda e o Espiritismo); outros vão para uma linha mais exotérica, onde absorveram da teosofia uma gênese para, a Umbanda que satisfaz àqueles que se identificam com essa forma, além de incorporarem diversos rituais tidos como emanados do astral superior (lembram do melhor software); outros adotaram uma postura racionalista, em uma prática de várias possibilidades, e até na formação de sacerdotes; outros mesclam o exotérico, o espírita, o africano, formam sacerdotes… Cada um procurou o seu melhor software…
Trabalhar com fundamentos africanistas: uns combatem dizendo que é algo supersticioso, crendices, valores antigos …; outros tentam a muito custo preservar raízes para que os mais novos tenham onde se sustentar no futuro.
Vendo tudo isso eu chego à conclusão de que nós somos os nossos piores inimigos. Os Umbandistas são os piores inimigos da própria Umbanda, pois ainda não sabemos respeitar a Umbanda dentro daquilo que ela se manifesta, dentro daquilo que ela apresenta: sua diversidade.
Uma vez Pai Cipriano me pegou e disse: “Meu filho, que direito você tem de dizer que aquilo que a pessoa pratica,é certo ou errado? Talvez o que você veja como errado possa ter salvo a vida de alguém, possa ter tirado uma pessoa do vício … Não existe o certo ou o errado, isso vai de cada um, de cada visão, de cada forma de pensar, de cada lugar com suas leis, em que em um lugar algo é condenado, mas em outro é louvado…”
Ele deixou isso na minha cabeça e passei a tentar ver as coisas de outra maneira. Posso deixar claro que aquilo (aquela forma de prática e pensamento), para mim, representa algo ou não, porém, sei que para outros é questão de fé, de encontro e de realização.
Existem questões que são muito complicadas, muito mesmo, mas grande parte vai de encontro à formação do sacerdote. O próprio preconceito que existe dentro da Umbanda, entre os Umbandistas, é algo que poderia ser erradicado se os sacerdotes tomassem outra postura em relação às outras formas de culto Umbandistas. Os problemas inerentes aos charlatões que vemos por aí também passa pela mão dos sacerdotes, pois são eles que formam e, se formam errado, não é culpa da pessoa que é formada.
Com relação a essa questão de diploma e curso de formação de sacerdotes, também acredito que passe pelas mãos dos sacerdotes que compõem as federações que se utilizam desse tipo de formação. Na realidade a, responsabilidade de formar é deles, mas não são responsáveis pelo que o formado irá fazer.
É o caso de uma faculdade de medicina. Ele forma o médico, mas se o cara irá ser uma bom ou mau médico é outra questão.
Algumas pessoas já levantaram bandeiras em relação a um conselho de ética para a Umbanda, em relação ao sacerdócio, só que é muito difícil formar um conselho para esse fim.
Ele teria que ter por base que a Umbanda é uma religião diversa e não submetida a uma única forma e sim a uma diversidade de formas. Teria que haver um consenso do que é errado e o que é certo, e isso é um peso muito grande.
Imaginem o caso de um conselho desses que estipula-se que em uma casa de Umbanda é proibido ter atabaques, por exemplo. Imaginem o impacto, que isso causaria. Ou que um conselho desses estipulasse que um gongá deva ser assim e assado, ou que a roupa de culta tem que ser azul, ou que é proibido dentro da Umbanda a utilização de livros Espíritas como forma de doutrina, ou que é proibido o uso d,e imagens de santos católicos… E aí, como fica a Umbanda?
Eu acredito que a complexidade em que chegamos, seja tal que é muito difícil definir, em termos de culto e práticas, o que é certo e o que é errado de uma forma precisa. A não ser nos casos, mais patentes como sacerdote que abusa sexualmente de filhos de santo e assistenciados, cometem extorsão, abusam do sacrifício animal, … Ou seja, o que está na lei dos homens e que é passível de punição.
Talvez o que ajudasse seria o que já acontece, dentro do próprio protestantismo, ou seja, a caracterização das formas de culto dentro do que elas professam como é o caso da IURD, da Assembléia de Deus, Igreja Prebisteriana, Igreja Metodista…
Embora todos sejam cristãos, existe uma individualização dentro de suas práticas. Ou seja, as práticas da IURD, são inerentes a IURD, e não a Igreja Metodista, assim como as práticas da Igreja Assembléia de Deus são inerentes a ela e não a Igreja Batista.
Acredito que se nós assumíssemos isso, ou seja, se as ramificações dentro da Umbanda se assumissem, ficaria mais fácil de enxergar que essa ou aquela prática é inerente aquele seguimento especificamente (isso ia acabar com essa história de um dizer que o outro não pode, pois o meu é que é verdadeiro).,Só que o que vemos por aí é o cara fazendo isso ou aquilo e dizendo que é Umbanda (como se todas assim o fizessem: de bom e de ruim) e, em outros casos, existem aqueles que dizem que isso ou aquilo não faz parte da Umbanda (só a dele é que é boa). Não seria mais fácil dizer que essa prática é inerente a Umbanda X, ou que aquela prática é inerente a Umbanda Z … que essa formação sacerdotal é inerente a Umbanda ABC … que na Umbanda CBA o cara faz um curso de x meses ou anos e sai dali qualificado para se,r sacerdote…?
O que eu vejo é que hoje existem tantas formas inerentes à Umbanda, mas a grande parte se diz puramente Umbandista e que a Umbanda e assim e assado, que qualquer tipo de certo ou errado acaba ficando mascarado ou difícil de definir dentro do campo da fé.
É mais ou menos como se a IURD dissesse que o Cristianismo é o que ela pratica que a Igreja Batista dissesse que o Cristianismo é o que ela pratica, e assim por diante…
Por outro lado, parece que tem gente ainda tentando ser Papa da Umbanda e “obrigando” as pessoas a verem a Umbanda de uma maneira específica dentro de seus usos e costumes e, de uma forma ou de outra, o que irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, é que a individualização das formas irá acontecer de uma maneira inevitável. Então, daqui há uns 10 ou 20 anos, talvez menos, o iniciado ou mesmo o assistenciado não irá se confundir e saberá que essa prática, essa forma, essa manifestação ou mesmo essa doutrina é inerente a essa ou aquela forma de Umbanda.
Será que um Cristão pode dizer que a sua forma é a correta?
Será que um Budista pode dizer que a sua forma é a correta?
Será que um Candomblecista pode dizer que a sua forma é a correta?
Por que será que o Umbandista tem a mania de dizer que aquilo que ele faz é o correto para o, todo religioso da Umbanda?
Autor: Etiene Sales
Arquivado em: UMBANDA
Umbanda não faz milagre. Faz caridade!"
Escrito por Alex de Oxóssi
26-May-2009
Leny W. Saviscki
É fato comum chegarem aos terreiros pessoas extremamente deprimidas, adoentadas ou desesperadas pelo fato de não encontrarem em nenhum outro lugar o remédio para seus males. Já passaram por consultórios médicos, igrejas, milagreiros de todas as espécies. Em todos os lugares, foram deixando sua história registrada, acrescida de decepção e gastos financeiros além da conta.
Com a promessa e a busca de “milagres”, pagaram dízimos ou oferendas, tentando terceirizar a solução de seus problemas ou de sua suposta “má sorte”. E enquanto seu saldo bancário e sua fé diminuem, sua decepção e dor aumentam.
O local que não cobra pela caridade geralmente leva a fama de ser “muito fraco”, pois infelizmente as pessoas ainda têm a falsa concepção de que “se não cobrar e bem cobrado, a coisa não funciona”. Além disso, há os que necessitam vivenciar o “fenômeno” para que sua fé tenha fundamento.
“Imagina... guia que fica só aconselhando, mandando rezar e mudar a maneira de pensar...”.
Como bem fala o ditado popular: “só quando a água bate onde não deve é que se aprende a nadar”. Assim, só como último recurso, no desespero total, é que eles batem à porta da Umbanda. Mesmo descrentes, buscam o milagre, chorosos e vitimados pela vida. Ajoelham-se na frente do preto velho ou do caboclo e derramam lágrimas, dedilham rosários de reclamações, tentando convencê-los de que a culpa da desgraça é de todo mundo, menos deles próprios. Acolhidos com todo amor pelos guias de luz, não recebem promessa de milagre, apenas a exigência de uma gradual reforma íntima, aliada a mandingas que os limpam do lixo energético que conseguiram agregar ao longo do tempo.
Saem dali bem melhores do que entraram, quase sempre voltam e aos poucos compreendem que o milagre estava dentro deles próprios.
Não faltarão nessa lista os que, após a melhora, voltam a freqüentar os bancos da igreja aos domingos, exibindo saúde e roupas novas. Quando não, transformam-se em carregadores de bíblia, passando a combater ferrenhamente aqueles por quem foram ajudados. Jamais vão admitir que um dia entraram num terreiro de Umbanda – coisa do capeta.
Não faltarão nessa lista os que, após a melhora, voltam a freqüentar os bancos da igreja aos domingos, exibindo saúde e roupas novas. Quando não, transformam-se em carregadores de bíblia, passando a combater ferrenhamente aqueles por quem foram ajudados. Jamais vão admitir que um dia entraram num terreiro de Umbanda – coisa do capeta.
O que será que os Pretos Velhos e Caboclos pensam disso?
Um dia desses fiz essa pergunta à Vovó Benta:
– Zi fia, nosso trabalho é a caridade e quem se dispõe a ela, esteja encarnado ou no mundo dos mortos, tem de saber que o “dar gratuitamente” sempre é motivo para darmos “graças” pela oportunidade de servir ao Criador, à sua obra. Ajudar esses filhos desnorteados é construir pontes entre o céu e a terra. Nunca podemos ou devemos esperar qualquer recompensa pelo bom serviço, a exemplo do Criador que distribui raios de luz ou gotas de água todos os dias a todos, bons e maus. O que cada filho fará com as dádivas recebidas só a ele cabe definir, escolhendo assim seu futuro. Sigamos fazendo o bem sem olhar a quem e façamos isso com a alegria de quem sobe os degraus para o céu, sem ter de pagar por isso com lágrimas ou moedas falsas. Lembre-se, filha, de que servir com alegria é servir duas vezes.
– Servir duas vezes?
– Sim, duas vezes. A você mesmo e ao próximo. Quando colocamos alegria e desprendimento, dissipamos qualquer possibilidade de nos machucarmos com nossa ação. Porém, o fazer por fazer ou para que as pessoas vejam que somos caridosos é um meio de ajudarmos aos outros sem, no entanto, estarmos com isso nos ajudando. O azedume que muitos “caridosos” carregam demonstra o quanto ainda sua caminhada é longa. Sem contar que pode ser um meio de captar para si as energias dos outros em vez de dissipá-las. Quanto aos filhos que viram as costas a quem os ajudou, não passam de espíritos infantis que precisam do pirulito para adoçar suas vidas, ignorando que um dia o doce chega no palito.
Umbanda, quem és?
Sou a fuga para alguns, a coragem para outros.
Sou o tambor que ecoa nos terreiros, trazendo o som das selvas e das senzalas.
Sou o cântico que chama ao convívio seres de outros planos.
Sou a senzala do Preto Velho, a ocara do Bugre, a cerimônia do Pajé, a encruzilhada do Exu, o jardim da Ibejada, o nirvana do Indu e o céu dos Orixás.
Sou o café amargo e o cachimbo do Preto Velho, o charuto do Caboclo e do Exu; o cigarro da Pomba-Gira e o doce do Ibejê.
Sou a gargalhada da Padilha, o requebro da Cigana, a seriedade do Tranca-Rua.
Sou o sorriso e a meiguice de Maria Conga e de Cambinda; a traquinada de Mariazinha da Praia e a sabedoria de Urubatão.
Sou o fluído que se desprende das mãos do médium levando a saúde e a paz.
Sou o isolamento dos orientais onde o mantra se mistura ao perfume suave do incenso. Sou o Templo dos sinceros e o teatro dos atores.
Sou livre. Não tenho Papas. Sou determinada e forte.
Minhas forças? Elas estão no homem que sofre e que clama por piedade, por amor, por caridade.
Minhas forças estão nas entidades espirituais que me utilizam para seu crescimento.
Estão nos elementos. Na água, na terra, no fogo e no ar; na pemba, na tuia, no mandala do ponto riscado.
Estão finalmente na tua crença, na tua Fé, que é o elemento mais importante na minha alquimia.
Minhas forças estão em ti, no teu interior, lá no fundo, na última partícula da tua mente, onde te ligas ao Criador.
Quem sou? Sou a humildade, mas cresço quando combatida.
Sou a prece, a magia, o ensinamento milenar, sou cultura.
Sou o mistério, o segredo, sou o amor e a esperança. Sou a cura. Sou de ti. Sou de Deus. Sou Umbanda.
Só isso. Sou Umbanda.
Elcyr Barbosa